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15 de abr. de 2011

A DERIVA

Embora cientificamente não se possa comprovar, acreditamos que a grande maioria dos brasileiros nutria por certo partido político a simpatia e até o respeito, ante as bandeiras empunhadas na defesa da ética, da moral, da cidadania, da transparência e do respeito à coisa pública, em inúmeras ocasiões em que a democracia e, sobretudo a liberdade de expressão, se encontravam ameaçados. Integrávamos este contingente.
Não queremos fazer aqui a oposição visceral e travestir-se de falsos moralismos para achincalhar ou atingir pessoas, mas é fato que assistimos nestes últimos anos uma série de acontecimentos e de comportamentos que nos deixam entristecidos, para não dizer decepcionados, pois literalmente fomos traídos. Aqueles que tanto defendiam os aposentados votaram pela manutenção do fator previdenciário e, um deles, hoje é Senador da República, como tantos outros que se reelegeram esquecidos dos compromissos pretéritos e abrigados no poder financeiro do partido ou de grupos a ele ligados.  Hoje não mais necessitam dos grupos sociais que os elegiam por devoção à causa. Foram cooptados pelos tapetes e poderes de toda a espécie que os palácios lhes proporcionam. Tudo isso não é mais novidade para ninguém, mas como no Brasil somos esquecidos, sempre é bom manter a chama da lembrança acesa.
A infiltração do poder em estatais é gritante e até simples nomeações da área operacional sofrem interferências da classe política, que num passado nem tão distante eram veementemente condenados. Hoje os critérios técnicos são desprezados sem nenhum pudor e, para mascarar a ofensa, alternam as nomeações políticas com aquelas que atendem aos requisitos pré-definidos pela estrutura organizacional. Nem a iniciativa privada escapa. O exemplo mais recente é o da Vale do Rio Doce, embora aí estejam escamoteados interesses inconfessos...
Não há, neste momento, no País, uma estrutura partidária capaz de fazer com que o cidadão se sinta parte integrante da defesa de princípios e de bases que serão tuteladas por todos que fazem o partido, independentemente de estarem ou não no poder. A imprensa estarreceu-se com as declarações do Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, dizendo que não era de direita, de esquerda, nem de centro. Uma verdade, pois os políticos atuais estão preocupados não com ideais, mas com um projeto político de poder individual e por último do grupo a que pertencem. É simples, assim.
Como diz um amigo meu analisando o contexto político, não só a nível nacional, mas também internacional, diante dos conflitos ora em curso: “Após um embate político, no seu resultado há apenas a troca de grupos de corruptos, independentemente do local. Sai uma facção e entra outra pronta a extrair do Estado tudo o que puder para manter-se no poder e beneficiar-se privadamente. Nada muda, é tudo hipocrisia.” Uma verdade triste de se aceitar. Encontraremos novos “abrigos”... e caminhos para o nosso País ? Eu tenho fé, otimismo e esperança, se bem que esta palavra venceu o medo, mas não venceu o que de mais danoso existe neste País, o compadrio, a corrupção, o jogo de interesses, o fisiologismo, enfim...

Um comentário:

  1. Chico,
    Infelizmente é na esfera da política, cujo objetivo primeiro e único é o Poder,onde o Homem revela seu lado mais obscuro. Isso Maquiavel já disse há quinhentos anos: "a política é a seara os homens".
    Sou cético com relação a política e a políticos, não querendo com isso me declarar alienado. Longe disso. Apenas avalio que a escolha é sempre entre os menos ruins.

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